Da Lapinha até o Campo Grande: saiba onde comer e o que vai rola por todo caminho
O 2 de Julho é a data magna que marca a Independência do Brasil na Bahia, com a expulsão das tropas portuguesas em 1823. A festa celebra a vitória dos brasileiros na guerra travada na então província da Bahia, por mais de 17 meses (de fevereiro de 1822 a julho de 1823) contra as tropas portuguesas. Com a vitória do Exército e da Marinha do Brasil na Bahia, consolidou-se a separação política do Brasil de Portugal.
Em Salvador, o cortejo cívico que lembra esta história reúne milhares de baianos da Lapinha até o Campo Grande, incluindo desfile de fanfarras, concurso de fachadas decoradas, homenagem aos heróis da Independência, cerimônias cívicas e encontro de filarmônicas.
Veja a programação completa de 2025 neste link
Largo da Lapinha
06h – Alvorada com Queima de Fogos, no Largo da Lapinha;
07h – Organização do Cortejo Cívico na Lapinha.
08h – Cerimônias Cívicas – Hasteamento das bandeiras por Autoridades, com execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Marinha do Brasil.
Dicas de como chegar
Importante saber que o tráfego de veículos será interditado a partir da meia-noite nas vias por onde passa o desfile. Veja todas as informações oficiais neste link.
Resumo: Percurso rua a rua
Primeira parte do Desfile:
Largo da Lapinha, Corredor da Lapinha, Largo da Soledade, Ladeira da Soledade, Rua São José de Cima, Rua Emídio dos Santos, Rua dos Perdões, Largo da Quitandinha do Capim, Rua dos Adobes, Ladeira do Boqueirão, Rua Direta de Santo Antônio, Largo da Cruz Pascoal, Rua do Carmo, Rua do Passo, Largo do Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Rua da Misericórdia, Praça Municipal.
Segunda parte do Desfile:
Praça Municipal, Rua Chile, Praça Castro Alves, Avenida Sete (cortejo sobe no contrafluxo da via), Campo Grande.
História: como o Cortejo começou
No ano seguinte à Independência do Brasil na Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823, os veteranos resolveram festejar a data. Inicialmente, utilizaram uma carruagem tomada dos lusitanos nos combates de Pirajá, colocando sobre ela um velho mestiço descendente de indígena, e saíram desfilando do Largo da Lapinha ao Terreiro de Jesus.
Em 1826, foi encomendado um carro alegórico definitivo, que ficou pronto em 1828. Em 1835, a Sociedade Dois de Julho mandou fazer uma edificação para resguardar os preciosos emblemas no Terreiro de Jesus. Em 1918, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que assumiu a organização do cortejo, construiu o atual Pavilhão 2 de Julho. Hoje o local se chama Memorial 2 de Julho, Espaço Cultural de Salvador.
Curiosidades: o Caboclo e a Cabocla
O Caboclo tem tamanho real de um humano, com cerca de 1,75 metro de altura, fora a haste de ferro maciço que sai do pé esquerdo e que faz o conjunto passar dos dois metros de altura. Ele teria sido criado em 1826 por Manoel Ignácio da Costa ou em 1828 por Bento Sabino dos Reis (fontes históricas divergem). Já a Cabocla foi esculpida em 1846 sob a autoria de Domingos Pereira Baião, possuindo tamanho menor em relação ao indígena. (Fonte neste link)
O que ver por lá
Totens dos heróis
No Largo da Lapinha, os heróis da Independência foram eternizados em totens criados pelo artista plástico Daniel Soto. Entre outros estão: Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa, Corneteiro Lopes, João das Botas, General Labatut, e os Encourados de Pedrão.
Busto do General Labatut
Neste mesmo largo, está o Busto do General Labatut, com 2,80m de altura. O General Pierre Labatut, dito Pedro Labatut, reforçou as tropas brasileiras que sitiavam a capital baiana ocupada pelos portugueses. O Busto costuma ficar coberto de flores no Dois de Julho.
Dica de ouro
Vá bater um feijão logo cedo, pra aguentar o percurso. A feijoada começa a partir das 06h e vai até acabar (por volta das 13h ou 14 horas). Depois tem música ao vivo: 12h e às 19h. Custa R$30,00. Belvedere da Lapinha (@belvedere_da_lapinhaa). Largo da Lapinha n°25, atrás da igreja
Mas, se quiser começar com um lelê de milho ou um mingau de tapioca, nas ruas do entorno do Largo da Lapinha há vários carrinhos de café que vendem de tudo.
Início do Desfile Cívico
09h –Início do Desfile Cívico
Com participação dos Caboclos de Itaparica, Fanfarras Municipais, Estaduais e da Região Metropolitana de Salvador, Filarmónicas Estaduais e Grupos Populares.
O que ver por lá
Momentos dos cartazes com palavras de ordem, mais concentração de políticos por metro quadrado, pessoas fumando charuto em celebração aos Caboclos, senhorinhas nas janelas, bandeirinhas na calçada. Local de quem só quer ver a parte tradicional, portanto, bem intenso e emotivo. Corre-corre e gritaria para tirar a primeira foto do carro quando sai do pavilhão (Memorial 2 de Julho).
Fachadas Decoradas
Concurso de fachadas decoradas no percurso compreendido entre o Largo da Lapinha e o Terreiro de Jesus (Pelourinho).
Os maiores clássicos do percurso são:
Ladeira da Soledade: A casa de Dona Marise
Veterana no concurso (desde 2013), Marise de Menezes, moradora da Ladeira da Soledade. A cuidadora de idosos decora a fachada de sua casa, o Lar Santa Bárbara, para esperar a passagem do desfile do 2 de julho, e já foi premiada algumas vezes. Endereço: Ladeira da Soledade, 170
Santo Antônio Além do Carmo: A casa de Maria São Pedro
Em 2024 a vencedora do concurso foi a costureira Maria São Pedro, moradora do bairro Santo Antônio Além do Carmo. Aniversariante no 2 de Julho, aposentada decora casa para a passagem do desfile de Independência em Salvador. Todos os anos, filhos, netos e sobrinhos de dona Maria São Pedro se vestem de heróis e heroínas que lutaram na guerra. Endereço: casa nº 34 da Rua Direita de Santo Antônio
Convento da Soledade
Homenagem aos Heróis da Independência – Breve parada em frente ao Convento da Soledade.
O que ver por lá
Largo da Soledade
Capoeira e Samba Duro
Este é o ponto de encontro dos grupos de capoeira e grupos de Samba Duro. Muitas rodas se abrem e só entram os capoeiristas mais sinistros. Berimbaus e atabaques comendo no centro. Lindo de ver.
Monumento à Maria Quitéria
A estátua da heroína da guerra ganha coroa de flores e bandeirolas. Localizado no Largo da Soledade, no bairro da Lapinha em Salvador, Bahia.
O Visit Salvador da Bahia preparou uma lista com todos os personagens e monumentos ao Dois de julho neste link.
Barbalho
Quando o cortejo passa pela Rua São José de Cima, repare no muro colorido enorme e lindo. As obras são fruto de uma edição especial do projeto Movimento Urbano de Arte Livre (Mural) em parceria com a Fundação Gregório de Mattos e a Prefeitura Municipal de Salvador, em homenagem ao 2 de Julho. Ao todo, são 11 artistas e dez trabalhos. Nas paredes estão rostos como o de Maria Quitéria, Maria Felipa e as Caretas do Mingau de Saubara.
Santo Antônio Além do Carmo
Logo depois do cortejo passar pelo Barbalho, na altura do Largo Quitandinha do Capim, no comecinho do Santo Antônio, tem a concentração do Samba Duro Da Ladeira (às 08h SAÍDA às 10h). O grupo que já tem 25 anos, é a união de percussionistas e músicos do bairro do Barbalho e Santo Antônio.
O cortejo cruza o bairro e faz mais uma parada. A Homenagem da Ordem Terceira do Carmo – Breve parada em frente a Ordem para pronunciamento de um membro da Instituição. Essa Igreja fica um pouco antes da ladeira do Carmo, em direção ao Pelourinho.
No bairro acontecem várias festinhas, sambas, feijoadas, além de terem muitas e muitas casas com fachadas decoradas.
Imperdível:
Marujada – Escadarias da Igreja do Passo
A programação inicia às 10h com a abertura do bar e vai contar com cinema, feijoada, samba e música eletrônica alternando entre Marujada e Escadaria do Passo.
Evento: Escadaria da Independência
Programação:
Abertura 10h.
Cine Independência 11h às 14h (Gratuito);
Feijoada da Ninha, a partir das 11h (R$30,00);
Samba de Terreiro: Alacorin, 12h às 14h (gratuito na escadaria);
Baile Quebradaum: Pivoman e Manigga, 15h às 18h (gratuito na escadaria);
Samba de Lua, 18h às 22h (R$20,00 na Marujada)
Café e Cana na Independência
O 2 de Julho não é só feriado. É memória, é luta, é vitória preta, popular e baiana. É quando a gente lembra que a independência do Brasil começou de verdade aqui, com o sangue e a força do nosso povo nas ladeiras de Salvador. E como bons herdeiros dessa história, no Café e Cana a gente honra no passo, no batuque e na pista! Depois do cortejo, o rolê segue vivo e pulsando com discotecagem quente, daquelas que fazem até Maria Felipa bater palma lá do céu.
Line de DJ’s: Roger n Roll ( @rogernroll ); Preta ( @djpreta ); Pureza ( @djpureza ); Bodega (Ana Carmo e Rariú): @na.carne, @bodega071 , @_betow
Café e Cana – R. do Carmo, 25
Das 12h às 18h, no nosso QG da Independência
Comida e bebida? Pela nossa janelinha.
Fique de olho nestes perfis, a programação de cada lugar vai saindo durante o dia:
Ocupação 377 – Rua Direita de Santo Antônio, 377
Projeto de manifestações artísticas e culturais realizado por artistas e empreendedores residentes no bairro Santo Antônio. Na rua, gratuito.
Poró Restaurante e Bar – R. Direita de Santo Antônio, 445
Largo do Pelourinho
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Homenagem da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – Breve parada em frente à Igreja.
O que ver por lá
A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada no ano de 1685 e elevada à categoria de Ordem Terceira em 2 de julho de 1899. Em 2025, a Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo – Irmandade dos Homens Pretos convida a todos para a Celebração Eucarística em comemoração ao aniversário de 126 anos de elevação a Categoria de Ordem Terceira, a ser realizada no próximo dia 02 de julho de 2025, às 07h, na sede da Igreja.
Durante a homenagem, o cortejo para em frente à igreja, e os integrantes da Irmandade colocam balaios de flores na carruagem dos Caboclos. Muitas vezes, a igreja fica aberta ao público e, lá dentro, o chão é coberto com folhagens, símbolo da festa. O altar também é decorado com folhagens.
Dica de ouro
Suco de Limão com coco
Hora de tomar o famoso Suco de Limão com coco. No Largo do Pelourinho, em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, você vai achar o carrinho de suco do Milton Cavalcante. Ele circula também entre os Largos do Centro Histórico e a Baixa dos Sapateiros e é bem fácil de achá-lo em frente ao Teatro Miguel Santana, na rua Gregório de Matos. (infos neste link)
Praça Thomé de Souza
11h30 – Recolhimento dos carros emblemáticos dos Caboclos nos caramanchões da Praça Thomé de Souza.
13h – Concentração do Cortejo Cívico
O que fazer por lá
Momento perfeito para almoçar
Bom para uma Moela no Cravinho, no Largo Terreiro de Jesus, 3 – Pelourinho.
Também no Pelourinho, o Restaurante Tropicália vai servir a tradicional quiabada de quarta-feira. R. das Portas do Carmo, 1 – Pelourinho.
Dá tempo até de descer para o Comércio pelo Elevador Lacerda e ir comer uma agulhinha frita em um dos bares do andar térreo do Mercado Modelo.
Quem quer ficar no burburinho da festa, boa opção é o Caravelas Bar e Restaurante na Rua Chile, coladinho ao mural de Carybé. Boa pedida para tomar uma bebida gelada ou um almoço no precinho. Endereço: Ed. Desembargador Bráulio Xavier, N 22, Rua Chile.
A comida clássica do Dois de Julho é a Feijoada, e o São Vicente – Bar da Marli tem uma das melhores da região. O bar fica no coração do bairro que carrega o simbolismo da data magna da Independência. Além da comida raiz, Dona Marli mantém a tradição de montar um altar para os Caboclos. Endereço: Largo Dois de Julho, Praça Inocêncio Galvão 14.
Início do Desfile Cívico
Praça Thomé de Souza
Ed. Sulacap
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
13h30 – Início do Desfile Cívico com participação dos Caboclos de Itaparica, Museu Vivo na Cidade, Fanfarras Municipais e Estaduais. Breve parada em frente ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
15h – Cerimônia Cívica no 2º Distrito Naval
O que ver por lá
Nesta hora você já fez as fotos com a carruagem dos Caboclos, das fachadas decoradas, dos cartazes com palavras de ordem, e coisa e tal. Agora é a vez das fanfarras, balizas e balizadores brilharem – a via é perfeita para a evolução dos movimentos, e essas pessoas costumam arrasar nas performances.
Se posicione ali na altura do Ed. Sulacap, e olhando para a Praça Castro Alves você vai se maravilhar vendo as bandeiras e rodopios das bandas subindo uma a uma a Avenida Sete.
Depois, a próxima parada é no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
Campo Grande
16h – Cerimônias Cívicas no Campo Grande: Chegada dos Carros dos Caboclos; hasteamento das Bandeiras por Autoridades; execução do hino nacional pelas Bandas de Música da Marinha, Exército e Aeronáutica; colocação de coroas de flores no Monumento ao 2 de Julho pelas autoridades presentes; acendimento da pira do Fogo Simbólico; execução do Hino ao 2 de Julho: Coral da PM/BA com acompanhamento da Banda de Música Wanderley da Polícia Militar da Bahia
17h30 às 21h30 – Encontro de Filarmônicas com Maestro Fred Dantas.
O que ver por lá
Ficar no Campo Grande é uma onda: muitas pessoas reservam este momento para “chorar aos pés do Caboclo”. É a hora que centenas de mãos se revezam para encostar nas imagens e deixar frutas e alimentos.
O momento do acendimento da pira também é mágico, as bandeiras da Bahia, de Salvador e do Brasil em frente ao Monumental Monumento 2 de Julho,crianças sentadas nas estátuas, famílias confraternizando e dançando: vem gente de todo o estado da Bahia acompanhar os músicos das Filarmônicas, muitos do Recôncavo, em especial de Cachoeira, cidade onde a batalha da Independência começou em 1822, um ano antes da luta derradeira em Pirajá, aqui em salvador.
Curiosidades
No centro da praça do Campo Grande, um monumento de 25,86 metros de altura chama a atenção. No topo, a escultura de um índio, com 4,1 metros, armado de lança e arco e flecha, representa a identidade do povo brasileiro que lutou pela Independência. (tem mais curiosidades na matéria do Correio 2019 neste link)
Por Fernanda Slama
Coordenadora de Conteúdo do portal Visit Salvador da Bahia