Chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim disse que autoridades venezuelanas estão “acusando injustamente” o Brasil por barrar a adesão do país vizinho aos Brics — grupo com liderança brasileira junto com Rússia, China, Índia e África do Sul.

Em audiência nesta terça (29) na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Amorim disse que a decisão do bloco não foi ideológica. Ele citou que o Brasil acredita que, para ingressar no grupo, é preciso ser um país com influência e que possa ajudar a representar a região.

E a Venezuela de hoje não preenche essas condições, na nossa opinião. Isso não foi um veto, foi expresso. Lá, as decisões são por consenso

Celso Amorim

Mal-estar

Amorim lembrou que “o Brasil concordou com Cuba e não concordou com a Venezuela”. “Porque existe esse mal-estar — que eu mesmo estou dizendo aqui e estou repetindo –, que eu espero que possa se dissolver à medida que as coisas se normalizem”.

Essa normalização, segundo ele, está ligada ao processo eleitoral. Amorim deixou claro que o Brasil não reconhece o processo que deu a Nicolás Maduro mais um mandato.

Relação com Venezuela

Durante a audiência, o assessor especial do presidente fez uma cronologia da participação brasileira na mediação de um processo democrático na Venezuela.

Um dos momentos relevantes, segundo ele, foi a assinatura do acordo de Barbados. O documento previa promoção dos direitos políticos e garantias eleitorais no país vizinho.

“Clima de incerteza”

O embaixador contou que foi enviado pelo governo para acompanhar as eleições em julho. Até o fim da votação, achou que tudo seria tranquilo.

Após o resultado, teria questionado Nicolás Maduro sobre a divulgação das atas eleitorais. O presidente teria atribuído o atraso no resultado a um ataque cibernético.

“Voltei para o Brasil já num clima de incerteza. O fato é que não se deu publicidade aos resultados de maneira detalhada. As atas não foram publicadas, o princípio da transparência não foi respeitado”, pontou.

Sem abertura

Após as eleições, o Brasil passou a articular com Colômbia e México a mediação por mais transparência no processo. “Lula não chegou a conversar diretamente com Maduro desde as eleições por não ter recebido sinais de abertura para um diálogo franco”.

De acordo com o assessor especial, a atuação do Brasil tem se baseado em três pilares:

  • defesa dos princípios democráticos;
  • não ingerência em assuntos internos;
  • solução pacífica de controvérsias.

O Brasil não reconhece governos. O Brasil reconhece Estados. Se o país quiser ter uma influência positiva é (preciso) manter uma interlocução. Nós estamos mantendo uma interlocução

Celso Amorim

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