A hipertensão arterial atinge um em casa três adultos no mundo todo, mas entre aqueles que são diagnosticados, apenas 30% realmente aderem ao tratamento de forma correta, explica o cardiologista Roberto Kalil, que escolheu este tema como foco para o “CNN Sinais Vitais” deste sábado. Ele recebe os colegas Fernanda Consolim Colombo, cardiologista Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração (Incor), e Luiz Bortolotto, diretor da mesma unidade, em São Paulo.

Esse descuido com a questão traz uma consequência séria: 380 mil mortes diárias pela doença. “Uma pressão [alta] que você não trata, ao longo do tempo, vai lesando o próprio sistema cardiovascular. Então os vasos, onde tem essa circulação, ficam mais facilmente lesados, ou seja, aquelas placas de gordura vão se desenvolvendo nos vasos. E aí dependendo de onde esse vaso irriga, vai ser a manifestação clínica. Então se for na coronária, vai dar um infarto. Se for na carótida, paciente tem um AVC. E ao longo do tempo, o coração vai sofrendo”, explica Colombo. A médica ainda reforça como este quadro pode acarretar em insuficiência cardíaca e também problemas nos rins.

Prevalência da hipertensão aumenta com a idade

A hipertensão é muito mais comum na vida adulta: “Depois dos 30, 40 anos há uma prevalência em torno de 30% da população adulta. E quando mais envelhecemos, mais as chances de se tornar hipertenso. Então acima de 60- ou 70 anos, o índice de hipertensão pode atingir 70%”, enumera Bortolotto.

Porém, pessoas mais jovens têm cada vez mais apresentado o quadro, o que é considerado bastante preocupante. Isso ocorre principalmente quando há histórico familiar. “E a gente tem 30% de chance de ser hipertenso se os pais forem hipertensos”, explica Colombo.

Geralmente, adolescentes e jovens adultos hipertensos devem ter um estilo de vida que propiciem a doença. “O jovem que é obeso, que não faz atividade física, come muito sal. Aí sim tem que ficar de olho. A percentagem é em torno de 5 ou 6% de hipertensão nas crianças e tem aumentado por conta desses fatores de risco”, reforçar Bortolotto.

“Teve um estudo aqui no Brasil que pegou adolescentes de 14 a 18 anos, e o valor de hipertensão chegou a 14 %, de 80 mil crianças avaliadas”, diz Colombo. “É muito. Não é pra nenhuma criança ficar hipertensa. E aí a gente tem que ficar muito alerta. Entrar com remédio é na última possibilidade. Primeira, segunda e terceira chance é mudar o estilo de vida da criança”, pontua a cardiologista.

Agora, se o quadro ocorre em crianças mais novas, pede uma investigação mais atenta. “Quando acontece em criança muito jovem, existe uma causa para essa criança ser hipertensa, não é só o genético. Então pode ter um problema no rim, problema nas glândulas acima do rim, que produz excesso de hormônio etc. Então toda criança em idade escolar, abaixo dos 14 anos tem que ter uma investigação para causas de hipertensão”, considera Bortolotto.

O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 16 de novembro, às 19h30, na CNN Brasil.

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