Saiba mais sobre a história da Independência do Brasil na Bahia no mais novo memorial criado em Salvador
O ano de 2023 foi marcado por uma programação especial em comemoração aos 200 anos de Independência do Brasil na Bahia, que teve como tema “Salve nossa terra, Salve o Caboclo”. Para além do dia oficial da festa, moradores e turistas vão poder viver essa história o ano todo em um lugar recém-inaugurado no Largo da Lapinha: o Memorial Pavilhão 2 de Julho. O largo em si também foi todo requalificado e sua experiência pode começar por lá – o ponto de partida do desfile cívico do 2 de julho – através de totens com informações e ilustrações sobre os principais personagens e eventos da Independência.
O Memorial é uma homenagem à participação do povo nos festejos tradicionais do 2 de julho e é parte integrante dos festejos do bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. Parte do acervo foi construído durante a festa de 2023, com fotografias das pessoas que estavam no cortejo e captação dos sons emitidos pelas fanfarras, bandas marciais, sambas, cânticos e as vozes.
Este equipamento cultural permite um resgate histórico para o Brasil e para a Bahia de um momento importante para essa nação, com a história da Independência contada desde as primeiras batalhas. Embora o pavilhão não seja um bem tombado e nem esteja localizado em um sítio reconhecido como patrimônio, a estrutura possui valores históricos, arquitetônicos e artísticos que merecem ser preservados.
O que você vai ver por lá
O Pavilhão, originalmente, é onde o caboclo e a cabocla ficam guardados o ano inteiro até a saída para as comemorações do 2 de julho, retornando no dia 5, com a tradicional procissão da “Volta da Cabocla”. A ornamentação e demais elementos virtuais do Memorial, que tem três pavimentos, foram construídos a partir do dado arquitetônico, histórico e contemporâneo do Pavilhão, tendo como ponto de partida as carruagens e as imagens dos caboclos, os principais bens do acervo.
No teto, bandeiras douradas, inspiradas na alvorada tradicional do dia 2, representam o sentimento de esperança e renovação característicos da alvorada. O Memorial tem direção de arte de Renata Mota e produção executiva de Ana Paula Vasconcelos. O acervo tem curadoria de Lanussi Pasquali e é, em sua maioria, digital, devido ao espaço reduzido do Pavilhão.
No térreo, além das carruagens com os caboclos, telefones públicos estarão expostos com histórias da festa do 2 de julho contadas pelas pessoas que as viveram. Também será exibido um percurso da festa, com um mapa digital mostrando pontos da história da celebração, como é o caso do convento onde Joana Angélica foi assassinada, a cidade de Cachoeira, que é onde a guerra se inicia, inclusive com a saída do fogo simbólico, o entorno do Recôncavo e as principais batalhas na Ilha de Itaparica e em Pirajá.
No 1º andar, chamado de “A Voz do Povo”, estão os mais de 100 retratos tirados durante o bicentenário, entrevistas feitas com pessoas envolvidas diretamente na festa e uma parede com frases retiradas dessas entrevistas, que revelam o tom político atemporal do 2 de julho.
O último pavimento, o mezanino, é onde está o acervo mais robusto da expografia, onde as pessoas podem ler, estudar e interagir, através de uma linha do tempo. Historiadores contam a história do 2 de julho como se fosse uma conversa. As paredes do Pavilhão foram restauradas nos moldes da década de 1950, com os nomes de soldados, combatentes e batalhas que fizeram parte da Independência na Bahia. Um patchwork costurado à mão vai incluir nomes que não foram gravados nas paredes antigamente, como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa.
Conheça a história do Memorial
No ano seguinte à Independência do Brasil na Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823, os veteranos resolveram festejar a data. Inicialmente, utilizaram uma carruagem tomada dos lusitanos nos combates de Pirajá, colocando sobre ela um velho mestiço descendente de indígena, e saíram desfilando do Largo da Lapinha ao Terreiro de Jesus.
Em 1826, foi encomendado um carro alegórico definitivo, que ficou pronto em 1828. Em 1835, a Sociedade Dois de Julho mandou fazer uma edificação para resguardar os preciosos emblemas no Terreiro de Jesus. Em 1918, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), que assumiu a organização do cortejo, construiu o atual Pavilhão 2 de Julho. Este “templo sagrado da história da liberdade e da Bahia”, chamado assim pelo presidente do IGHB, Joaci Goes, é importante para que moradores e visitantes compreendam mais profundamente o significado da data de consolidação da independência do Brasil que ocorreu na Bahia. Saiba mais neste link.
O Caboclo e a Cabocla
O Caboclo tem tamanho real de um humano, com cerca de 1,75 metro de altura, fora a haste de ferro maciço que sai do pé esquerdo e que faz o conjunto passar dos dois metros de altura. Ele teria sido criado em 1826 por Manoel Ignácio da Costa ou em 1828 por Bento Sabino dos Reis (fontes históricas divergem). Já a Cabocla foi esculpida em 1846 sob a autoria de Domingos Pereira Baião, possuindo tamanho menor em relação ao indígena.
As estátuas dos Caboclos, que são feitas de madeira do tipo cedro coberta por gesso esculpido, assim como as suas respectivas carruagens, passaram pela primeira desmontagem completa em 2023 e por uma restauração profunda. O trabalho foi comandado pelo artista plástico José Dirson Argolo, professor da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Serviço
Pavilhão 2 de Julho
Largo da Lapinha, S/N – Liberdade, Salvador – BA, 40325-130
Horário: terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Apenas com agendamento.
Mais informações neste link.
Visitação: é gratuito para o público de escolas, projetos educativos e comunidade do entorno. Em breve, passará a receber visitas guiadas por meio de agendamento no site da Secult (secult.salvador.ba.gov.br). Depois, o funcionamento seguirá como os outros equipamentos culturais da Prefeitura de Salvador, mediante taxa de R$20 (inteira) e R$10 (meia).