Foram prorrogadas até sexta-feira (28) as inscrições para as oficinas da residência “Qualificando a Desordem”, etapa formativa do projeto “Ordem Questionada” do Coletivo Subverso das Artes. A iniciativa busca fortalecer o teatro negro baiano, especialmente nos bairros periféricos de Salvador.
Nesta fase, estão abertas 20 vagas para o público ouvinte, voltadas para quem deseja participar das oito oficinas nas áreas técnico-artísticas, de gestão e produção teatral. Os interessados poderão escolher uma ou mais atividades, conforme disponibilidade.
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A inscrição é gratuita e é voltada para artistas negros moradores de comunidades como Engenho Velho da Federação, Engenho Velho de Brotas, Nova Brasília, Candeal e Santo Inácio. O resultado será divulgado até 1º de dezembro no Instagram oficial do projeto @coletivosubversoo. O formulário de inscrição está disponível aqui.
De novembro de 2025 a abril de 2026, as turmas participarão de oficinas quinzenais de escrita teatral, atuação, direção teatral, direção musical, cenografia, gestão teatral, comunicação estratégica e formação de público. Ao todo, cada oficina contará com 30 participantes, sendo 10 residentes já selecionados na etapa anterior, que receberão bolsa de permanência, e 20 novos participantes provenientes desta fase de inscrições.

O projeto “Ordem Questionada” se propõe a romper barreiras e ampliar o acesso à arte em territórios que frequentemente ficam à margem do mercado teatral. Por meio de oficinas, apresentações e atividades culturais, a iniciativa busca fortalecer talentos locais, oferecendo as oportunidades e estruturas necessárias para o florescimento artístico. O grande objetivo é incentivar a produção e o consumo artístico local, criando um espaço de protagonismo e visibilidade para jovens artistas das comunidades.
De acordo com o coordenador do Coletivo Subverso das Artes, Zaya Olugbala, a inspiração para o nome do projeto vem da peça “Ordem Questionada”, criada pelo coletivo em 2019, que provoca reflexões sobre as estruturas da sociedade e as diversas formas de opressão. “Como artista, promover uma reflexão é algo incrível e necessário, mas ainda não é o suficiente para quem se encontra insatisfeito com a forma de vida que a gente leva aqui na babilônia. Então, o projeto é pensado a partir de como podemos sair da mera reflexão e ir para a ação, algo que possa proporcionar algum tipo de mudança”, explica o músico.
Laura Sacramento, coordenadora do grupo, complementa. “O que inspira o projeto é esse fazer artístico autônomo, que o Subverso das Artes sempre se propôs a fazer. Muito do que a gente vem fazendo é parecido com o que os artistas que Platão considerava perigosos faziam naquela época, que é fazer as pessoas pensarem, questionarem o sistema. E é por isso que aqueles artistas eram tão perigosos para a polis, para a cidade, porque eles faziam as pessoas refletirem de fato. A arte não era tida como um objeto. E é isso que a gente quer fazer. Queremos acessar esses outros espaços culturais que não estão no centro da cidade, não estão no centro da cultura tradicional também de forma simbólica”, afirma.
Coordenadores e formadores
Laura é graduada em Letras Vernáculas pela UFBA e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura. Sua trajetória artística inclui artes plásticas, literatura, e teatro, onde atua como roteirista e assistente de direção. Zaya Olugbala, diretor musical e músico multi-instrumentista, é estudante de Produção Musical na UFRB e possui ampla experiência em trilhas sonoras e direção de espetáculos. A coordenação geral é assinada por Juliana Sousa, produtora cultural com formação em Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas pela UFRB, e com ampla atuação em projetos voltados à educação, acessibilidade e valorização da juventude negra.
Formadores
As oficinas serão conduzidas por artistas de diversas linguagens e trajetórias, incluindo:
- Onisajé: dramaturga e diretora, ministrando as oficinas de Escrita Teatral e Direção Teatral.
- Diana Ramos: atriz e professora de teatro, responsável pela oficina de Atuação: Corpo, Voz e Performance.
- Maurício Lourenço: músico e diretor musical, conduzindo a oficina de Direção Musical.
- Clara Matos: cenógrafa, responsável pela oficina de Cenografia.
- Nell Araújo: gestor cultural, conduzindo a oficina de Gestão Teatral.
- Ana Paula Potira: atuante no turismo e na produção cultural, responsável pela oficina de Formação de Público.
- Fábio Lucas: publicitário e produtor cultural, responsável pela oficina de Comunicação Estratégica.
Circulação e ação transformadora
A segunda etapa do projeto, “Circula e Questiona”, será dedicada à criação, laboratório e circulação das peças teatrais resultantes das oficinas. Serão criados e apresentados no mínimo duas e no máximo três peças nos bairros participantes, garantindo a materialização do processo formativo e a disseminação das criações nas comunidades.
“Qualificando a Desordem” pretende consolidar um espaço de troca e construção coletiva, fortalecendo redes entre artistas, educadores e comunidades. O projeto reafirma a arte como ferramenta de transformação social e afirmação de identidades negras em Salvador, com duração total de 8 meses, incluindo residência, produção e circulação.
O projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado, via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.
SERVIÇO – Inscrições prorrogadas: Oficinas “Qualificando a Desordem”
- Formulário: https://forms.gle/UMRsYaquq5arW4ea8;
- Prazo: 28 de novembro (sexta-feira);
- Público-alvo: artistas negros e negras 18+, preferencialmente moradores de bairros periféricos de Salvador;
- Em caso de dúvidas, entre em contato pelos seguintes canais:E-mail: [email protected];Instagram: @coletivosubversoo.
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